Publicado por: Eder & Fabi Rezende | 16/10/2011

Três Lugares de Arrepiar os Cabelos – Auschwitz – Polônia – Parte I

Os meninos de pijamas de listras. Uma realidade bem mais dura que a do livro

Nossos posts habitualmente divertidos e engraçados abrem espaço para momentos históricos e trágicos da História mundial. Iniciamos a série “Três Lugares de Arrepiar os Cabelos” contando como foi nossa experiência em Auschwitz.

Quando saímos da alegre Cracóvia em direção a Auschwitz o clima era agradável e bastante ensolarado. À medida que percorríamos meros cinqüenta quilômetros entre as localidades, o sol fugiu de seu compromisso e nos deixou a sos para mais este desafio. Era só uma pequena mostra do que ainda teríamos que enfrentar em instantes.

Ao chegarmos a entrada do maior campo de concentração já existente no mundo, fomos recepcionados por uma garoa fraca e constante em nossas cabeças e servidos com o prato do dia: nó na garganta.

Compramos os ingressos e valentes fomos em frente. No portão principal a famosa placa de boas vindas mostra um pouco da megalomania nazista: ARBEIT MATCH FREI (O TRABALHO LIBERTA).  O que veríamos em instantes foi algo que ficou gravado em nossas mentes para sempre. Todos seres humanos devem ir até lá um dia para que esta barbárie nunca seja esquecida e repetida.

Entrada do Inferno

Em 7 de Outubro de 1941, um acampamento foi estabelecido em Auschwitz para prisioneiros de guerra soviéticos. Foi o começo de algo aterrorizante e que até hoje é difícil de acreditar que realmente aconteceu. Cerca de 10.000 homens foram registrados como prisioneiros e detidos em um local cercado compreendendo os atuais blocos 1-3, 12-14, 22-24. A maioria deles morreu de fome, trabalho forçado na pedreira de cascalho, e brutalidade da SS. Muitos outros morreram na câmera de gás ou fuzilados por ordem de uma comissão especial da Gestapo. Aqueles que se recusavam a trabalhar foram forçados a sair nus de seus blocos no frio do inverno e encharcados com água, como resultado: muitos congelaram até a morte. Em cinco meses, até Março de 1942, cerca de 9.000 tinham morrido.

Entre anos 1941-1945, os nazi deportaram pelo menos 1.300.000 pessoas para Auschwitz.
1.100.000 judeus
140.000-150.000 poloneses
23.000 ciganos
15.000 prisioneiros de guerra soviéticos
25.000 prisioneiros de outros grupos étnicos

O transporte com os judeus deportados para Auschwitz chegavam às rampas ferroviárias especiais em Birkenau vindos de toda Europa. Nestas rampas mulheres e crianças eram separadas dos homens. Posteriormente, os médicos da SS realizavam uma seleção. Aqueles que eram considerados aptos para o trabalho eram direcionados para o acampamento. Isso equivalia à cerca de 25 por cento dos recém-chegados. O restante era levado para câmaras de gás.

 A fim de evitar pânico; as pessoas condenadas à morte eram informadas de que iriam tomar um banho de desinfecção. Aconteceu algumas vezes de todos os trens serem dirigidos diretamente para a câmara de gás, sem realização de qualquer triagem. 1.100.000 pessoas morreram em Auschwitz, aproximadamente 90% das vítimas eram judeus. A SS assassinou a maioria deles em câmaras de gás.

Latas de produto químico utilizado na câmara de gás

Um especial tratamento era dispensado aos locais: se um prisioneiro polonês escapasse, os membros da família eram presos e enviados a Auschwitz. Eles eram identificados com um sinal indicando a razão da prisão e permaneciam no campo até que o fugitivo fosse encontrado. Assim todos estariam cientes desta política.

Outra estratégia da SS era mostrar os corpos dos prisioneiros mortos durante tentativas de fuga como um aviso para os outros: NÃO TENTEM ESCAPAR.

Uma orquestra tocava marchas enquanto os prisioneiros desfilavam, mas não era para alegrar o ambiente. Isso era feito para ajudar a manter os prisioneiros em passo e tornar mais fácil a contagem dos mesmos quando eles iam e vinham do trabalho. Este era um dos muitos tormentos da vida no campo de concentração. A população carcerária de milhares de prisioneiros tinha que ficar em atenção durante as contagens realizadas na praça central. Mais tarde, quando os novos edifícios foram construídos ao longo da área original, os prisioneiros eram enfileirados nas ruas do acampamento na frente dos blocos. As contagens muitas vezes duravam várias horas e, às vezes doze ou mais.

Palavras pouco podem dizer sobre os horrores vividos ali por muitos, mas a foto abaixo exemplifica bem como a vida valia muito pouco em Auschwitz. Notem que entre a entrada e saída do campo (morte) se passaram apenas quatro meses.

Auschwitz: impossível sobreviver

Os poucos que conseguiram sobreviver, saíram de Auschwitz desta maneira.

Prisioneira deixando Auschwitz após perder 66% do peso. Nesta foto com 25 Kg.

A barbárie se estendeu também às mulheres. Na louca ânsia de gerar gestações de gêmeos da “pura raça ariana”, várias centenas de prisioneiras mulheres, principalmente judias foram confinadas em dois apartamentos no andar de cima de um bloco e utilizadas como cobaias humanas em experiências realizadas pelo Dr. Carl Clauberg, entre abril de 1943 e maio de 1944. Algumas delas morreram por causa do tratamento que receberam, outras foram assassinadas, muitas sofreram esterilização. Aquelas que sobreviveram ficaram com lesões permanentes.

O cabelo destas e de outras mulheres assassinadas nas câmaras de gás foi vendido pela SS como matéria-prima para a indústria têxtil alemã a 50 centavos por kg. Foram vendidos inacreditáveis 1950 kg de cabelo.

Após horas de perplexidade, vêem os momentos de reflexão. O que mais nos chocou foi o modo como mais de um milhão de pessoas foram assassinadas pelos Nazistas. Os assassinatos eram impessoais e em massa, dotados de uma frieza inacreditável. Jogar centenas de corpos de seres humanos de uma só vez em um forno é como virar um caminhão cheio de lixo em um aterro sanitário.

Forno utilizado na cremação dos corpos

Outra coisa que nos impressionou muito foi que apesar da riqueza de informações e detalhes encontradas no museu, em nenhum local encontramos explicação para o ódio que nazistas nutriam pelos judeus.

Das muitas perguntas sem respostas, surge mais uma: como uma ideologia que vai contra todos os princípios humanos e que é difícil de ser imaginada até nos maiores devaneios de ficção científica, pôde ser difundida por todo um país e ainda encontrar aliados em outras nações? A única certeza é que estas mesmas perguntas rodam as mentes dos descendentes dos sobreviventes que vagam por Auschwitz buscando explicações para o inexplicável.

Judeus tentando apagar as marcas do passado

Fica este momento para reflexão.

Em respeito à memória dos mortos todas as fotos estão em preto e branco.

Mas suas preocupações não devem ser apenas em como visitar Auschwitz. Não se esqueça que para entrar na Europa é exigido um Seguro Saúde com cobertura mínima de 30.000 euros. Caso não tenha você pode ser barrado na imigração. Não tinha pensado nisso? Compre um Seguro Saúde conosco e retribua a ajuda que este blog acaba de te dar. Clique em Seguro Saúde é rápido, fácil e barato.

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Veja Também:

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Respostas

  1. Realmente é muito forte ler e ver, principalmente vocês que estiveram ai pessoalmente, a história (s) de Auschwitz. Não e meu prato favorito. Já cheguei a desistir de um pacote turístico pelo fato do mesmo passar ai onde vocês estão no post. Bom, isso é outra história, o que interessa mesmo é que vocês são do mundo e isso eu gosto de acompanhar. Boa viagem.

    • Grande Walter
      realmente o clima é bem pesado e muitas pessoas desistem mesmo. As coisas que aconteceram lá são difíceis de acreditar, mas conhecer a História da Humanidade por pior que esta seja, é fundamental. Apesar de durissímo valeu a pena.

      continue nos acompanhando

      grande abraço

  2. Estas pessoas que foram mortas e incineradas já estão seguramente no descanso eterno. Hitler, seus oficiais e soldados, assassinos frios e autênticos predadores e seus actuais seguidores esses têm um lugar reservado no inferno. Que Deus abençoe o povo cigano e proteja todos os povos dominados por ditadores sanguinários. Deus vos abençoe.

    • Olá Antônio
      obrigado por seu comentário. Sempre que puder nos acompanhe e envie mensagens

      grande abraço

      Eder

  3. Um verdadeiro horror. Difícil acreditar que isso aconteceu. É muito cruel.
    Excelente texto para reflexão. Não podemos deixar isso acontecer de novo.
    Abraços,
    Luciana Almeida

    • Olá Luciana
      foi e é algo terrível, mas acreditamos que só visitando e conhecendo os horrores de perto podemos evitar que aconteça novamente. É difícil crer, parece coisa de filme de ficção científica, mas infelizmente é parte da História da Humanidade.
      Em breve mais dois posts sobre lugares de arrepiar os cabelos como Auschwitz.

      grande abraço

      Eder

  4. “Ao chegarmos a entrada do maior campo de concentração já existente no mundo, fomos recepcionados por uma garoa fraca e constante em nossas cabeças e servidos com o prato do dia: nó na garganta”

    O curioso é que eu tenho exatamente a mesma lembrança de quando visitei o “Dachau”, garoa fina e constante, aquele clima triste e angustiante antes mesmo de chegar lá… E pelo que ouvi dizer, é sempre assim..
    Acredito que todo mundo deveria visitar pelo 1x um dos campos de concetração, é uma experiência angustiante mas importante para a história e para a humanidade em geral ver o qual cruel o ser humano possa ser…

    • Olá Juliana
      lugares como estes só poderiam mesmo estar sempre acompanhados de garoa e tempo fechado. As sensações que experimentamos por lá são únicas. Como você descreveu, a angústia toma conta do corpo. Também acreditamos que todos deveriam ir ao menos uma vez na vida. Conhecer a história da Humanidade nos ajuda a tentar entender um pouco mais a complexidade humana.

      grande abraço e mantenha contato
      Eder

  5. O sentimento de grande tristeza. Às vezes quando assisto documentários sobre esta crueldade fico com um nó na garganta.Infelizmente isto não começou e não terminou com o nazismo.Vide Darfour no Sudão p. ex. E os Hitleres continuam espalhados por aí,esperando a oportunidade de se manifestarem.
    Resta-nos o consolo de saber que muitas pessoas ajudaram a minimizar a dor de milhares de perseguidos.
    Schindler é um exemplo.Grande homem. Outro caso é o do cônsul português na França Aristides de Souza Mendes, que sozinho e contrariando as ordens do ditador Salazar salvou da morte certa mais de 30.000 pessoas.Pagou caro. Salazar cassou-lhe as credenciais, o salário e proibiu seus filhos de frequentar a universidade. Morreu na miséria e doente, num hospital para pessoas carentes em Lisboa.
    Charles Chaplin praticamente foi expulso dos Estados Unidos pelo filme “O grande ditador” em que ridiculariza Hitler. Só no fim de sua vida, resolveram homenageá-lo. Esta homenagem está registrada em vídeo no Youtube. Atitude hipócrita de pessoas que jamais serão lembradas. Chaplin, o eterno “vagabundo”, hunca morrerá.
    Abraços e parabéns, mais uma vez.

    • Olá Fernando
      valeu pela aula de história. Informações que só acrescentam em nossas vidas. Ajudar o próximo é uma atitude muito bonita, ainda mais se tratando de pessoas tão oprimidas.
      Parabéns a Chaplin, Schindler, Aristides e muitos outros.

      grande abraço e valeu pela colaboração

      Eder

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  7. sei como é a energia e a emoção de ir num lugar desses… fui no campo de concentração Vught na Holanda http://www.nmkampvught.nl e foi fortíssimo.

    • Olá Teté
      a sensação é indiscritível, somente quem vai lá sabe o que é.
      Duro mas necessário para conhecer esta terrível página de nossa história.

      abs

      Eder

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  11. Imagino a sensação que você sentiu ao estar em Auschwitz, estive no Carandiru antes da demolição foi uma sensação horrível parece que você sente o peso de todos que já sofreram naquele lugar, e mesmo sabendo que se tratava de um presídio e de pessoas que por algum motivo e razão mereciam estar ali eu me senti mal, agora imagino você o que sentiu e refletiu em um lugar em que milhões de pessoas morreram por nada de forma cruel e fria… Se um dia eu tiver a oportunidade gostaria de conhecer mais gostaria de ir com um grupo de pessoas que pudesse me ajudar a amenizar o clima, deve ser a mesma sensação que estar em um velório… Parabéns pela viajem continue assim!

    • Olá Felipe

      mais estarrecedor é ver jovens judeus buscando uma razão para tamanha barbárie.

      Mas para que nunca mais aconteça algo assim é que o museu deve ficar lá para quem quiser ver.

      abraços

      Eder

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  14. Olá! Adorei o post! Estou querendo ir à Auschwitz há algum tempo, mas nunca encontrei como!

    Vocês poderiam me dar algumas dicas de como consigo fazer a visita?? Abraços, Helio

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  19. Só um comentário, arbeit macht frei significa: O TRABALHO LIBERTA, e não o que foi escrito acima


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