Publicado por: Quatro Cantos do Mundo | 21/06/2015

Grande Mesquita de Djenné – Mali – Arquitetura Espetacular

Esta mesquita ronda meu inconsciente há muito tempo. Meu desejo, cada vez mais forte de conhecê-la, vem do longínquo tempo que ainda planejava minha Volta ao Mundo. Pouca gente sabe, mas o Mali é um país com diversas atrações fantásticas. Além da própria mesquita que é Patrimônio Mundial da Unesco desde 1988 ainda estão lá os Acantilados de Bandiagara e a mística Tombucto. Infelizmente por problemas de segurança no momento não são aconselhadas visitas ao país. Ficamos então com a beleza e história exuberantes da mesquita.

A Grande Mesquita de Djenné é um grande edifício de adobe (argila misturada à palha e seca ao sol) que é considerado por muitos arquitetos uma das maiores obras do estilo arquitetônico Sudano-Sahel. A mesquita está localizada na cidade de Djenné, Mali, na planície de inundação do rio Bani. A primeira mesquita do lugar foi construída por volta do século XIII, mas a data da atual estrutura é de 1907. Sendo o centro da comunidade de Djenné, é um dos marcos mais famosos da África.

A beleza de uma arquitetura única: Grande Mesquita de Djenné

A beleza de uma arquitetura única: Grande Mesquita de Djenné (Foto do site wikimedia)

História

A data real da construção da primeira mesquita de Djenné é desconhecida, mas as datas giram em torno do ano 1200 ao 1330. O documento mais antigo mencionando a mesquita foi escrito por Abd al-Sadi no seu manuscrito Tarikh al-Sudan presumivelmente originado da tradição oral tal como era em meados do século XVII. O Tarikh afirma que o sultão Kunburu tornou-se muçulmano e derrubou seu palácio para transformá-lo em uma mesquita. Ele construiu outro palácio para si no lado leste da mesquita. Seu sucessor imediato construiu as torres da mesquita, enquanto o sultão seguinte construiu o muro que envolve a mesquita. Não há nenhuma outra informação por escrito sobre a grande mesquita até que o explorador francês René Caillié visitou Djenné em 1828 e escreveu “Em Djenné há uma mesquita construída de terra com duas enormes torres rudemente construídas. Ela é casa de milhares de andorinhas que constroem seus ninhos na mesma. Nestas ocasiões um cheiro muito desagradável toma o ambiente, assim o costume de fazer orações em um pequeno pátio exterior tornou-se comum.”

Um dia de calmaria em frente a mesquita (foto do site wikipedia)

Um dia de calmaria em frente a mesquita (foto do site wikipedia)

Mesquita de Seku Amadu

Dez anos antes da visita de René Caillié, o líder dos Fulani (povo da região) Seku Amadu tinha lançado uma investida e conquistou a cidade. Seku Amadu parece ter desaprovado a mesquita existente e sob suas ordens a mesma caiu em desuso. Este teria sido o edifício descuidado que Caillié viu. Seku Amadu também fechou todas as pequenas mesquitas da região. Entre 1834 e 1836, Seku Amadu construiu uma nova mesquita a leste da mesquita existente no local do palácio. A nova mesquita era um grande prédio baixo sem quaisquer torres ou ornamentação. As forças francesas lideradas por Louis Archinard ocuparam Djenné em abril de 1893. Logo depois, o jornalista francês Félix Dubois visitou a cidade e descreveu as ruínas da mesquita original. No momento da sua visita, o interior da mesquita estava arruinado e era usado como um cemitério. Em seu livro de 1897, Tombouctou la Mystérieuse (Timbuktu misterioso), Dubois fornece um plano e um desenho de como ele imaginava a mesquita antes de ser abandonada.

A mesquita atual

Em 1906 a administração francesa na cidade providenciou a reconstrução da mesquita original e ao mesmo tempo construiu uma escola no local da mesquita de Seku Amadu. A reconstrução foi concluída em 1907 com o trabalho forçado sob a direção de Ismaila Traoré, chefe de pedreiros de Djenné. A partir de fotografias tiradas na época parece que a posição de algumas das paredes exteriores segue os da mesquita original, mas não está claro se as colunas que sustentam o telhado mantiveram o arranjo prévio. O que certamente se tornou uma novela na mesquita reconstruída foi o arranjo simétrico de três grandes torres na parede qibla (voltada para Meca). Houve um debate sobre até que ponto o projeto da mesquita reconstruída estava sujeito à influência francesa. Dubois revisitou Djenné em 1910 e ficou chocado com o novo edifício. Ele acreditava que a administração colonial francesa foi responsável ​​pela concepção e escreveu que a mesquita mais parecia um cruzamento entre um porco-espinho e um órgão de igreja. Ele achava que as estacas fizeram o edifício se assemelhar a um templo barroco dedicado ao deus dos supositórios. Por outro lado Jean-Louis Bourgeois argumentou que os franceses tiveram pouca influência exceto talvez pelos arcos internos e que o projeto é “basicamente Africano.”

Entardecer na mesquita

Entardecer na mesquita

O terraço em frente ao muro oriental inclui dois túmulos. O túmulo maior contém os restos de Almany Ismaïla, um imam importante do século XVIII. No início do período colonial francês, uma lagoa localizada no lado oriental da mesquita foi aterrada para criar uma área aberta que é agora utilizada para o mercado semanal. Fiação elétrica e água encanada foram adicionadas em muitas mesquitas no Mali. Em alguns casos as superfícies originais das mesquitas foram cobertas de azulejos destruindo a sua aparência histórica e em muitas vezes também comprometendo a integridade estrutural do edifício. Enquanto a Grande Mesquita só foi equipada com um sistema de alto-falante, pois os cidadãos de Djenné resistiram modernização em favor da integridade histórica do edifício. Muitos preservacionistas históricos têm elogiado os esforços de preservação da comunidade e o interesse neste aspecto cresceu na década de 1990.

Roupas típicas do Mali (foto do site da National Geographic)

Roupas típicas do Mali (foto do site da National Geographic)

Em 1996 a revista Vogue realizou uma sessão de moda dentro da mesquita. Fotos da Vogue de mulheres pouco vestidas indignaram a opinião local e como resultado os não muçulmanos foram proibidos de entrar na mesquita desde então. A mesquita pode ser vista no filme Sahara de 2005.

Design

As paredes da Grande Mesquita são feitas de tijolos cozidos pelo sol (chamados Férey), cuja base é uma argamassa de areia e terra. São revestidos com um gesso que dá ao edifício uma aparência suave e que parece ter sido esculpido. As paredes do edifício são decoradas com feixes de palma (Borassus aethiopum) chamados toron que se projetam cerca de 60 cm (2 pés) a partir da superfície. O toron também serve como andaime permanente para os reparos anuais. Cerâmicas meio tubo também se estendem a partir do teto levando a água da chuva direto do telhado para bem longe frágeis das paredes. A Grande Mesquita é um edifico vivo que todos os anos após a temporada de chuvas têm que ser reconstruído devido a sua frágil estrutura recoberta com adobe. É nos torons que as pessoas sobem para aplicar uma nova camada de adobe que substitui a anterior levada pelas chuvas. Imaginem que todos os anos o edifício é um novo edifício apesar de ser o mesmo. Genial não acham?

Dezenas de pessoas no trabalho de manutenção apoiadas nos torons (Foto do site viaggi.repubblica.it)

Dezenas de pessoas no trabalho de manutenção apoiadas nos torons (Foto do site viaggi.repubblica.it)

A mesquita é construída sobre uma plataforma medindo cerca de 75 metros quadrados que está a 3 metros acima do nível do mercado. A plataforma evita danos à mesquita quando acontecem às cheias do rio Bani. Ela é acessada por seis conjuntos de escadas cada uma decorada com pináculos. A entrada principal está no lado norte do edifício. As paredes exteriores da Mesquita não são precisamente perpendiculares entre si de modo que o plano do edifício tem um contorno trapezoidal perceptível. A parede de oração (qibla) da Grande Mesquita é voltada em direção a Meca e tem vista para o mercado da cidade. A Qibla é dominada por três grandes torres ou minaretes que se projetam para fora da parede principal. A torre central tem cerca de 16 metros de altura. No topo de cada minarete existem ovos de avestruz, símbolo tradicional de vida, fertilidade e renovação.

Tradicional mercado semanal em frente a mesquita

Tradicional mercado semanal em frente a mesquita (Foto do site wikipedia)

Lugar de muitas cores com em todo mercado africano

Lugar de muitas cores como em todo mercado africano (Foto do site ietravel)

A sala de oração, medindo 26 por 50 metros ocupa a metade oriental da mesquita atrás da parede da qibla. O telhado de adobe é apoiado por nove paredes interiores que são perfuradas por arcos ogivais que chegam quase até o teto. Este projeto cria uma floresta de noventa maciços pilares retangulares que tomam o interior da sala de oração e reduzem severamente o campo de visão. As pequenas janelas nas paredes norte e sul irregularmente posicionadas permitem que pouca luz natural chegue ao interior do salão. O piso é composto por terra arenosa. Pequenas aberturas no teto são cobertas com tigelas que quando removidas permitem que o ar quente suba e saia do prédio ventilando seu interior em dias quentes. O pátio interior a oeste do salão de orações, medindo 20 por 46 metros está rodeado em três lados por galerias. A galeria ocidental está reservada para uso das mulheres.

O escuro no interior da mesquita (foto do site wondermondo)

O escuro no interior da mesquita (foto do site wondermondo)

Significado Cultural

Toda a comunidade de Djenné tem um papel ativo na manutenção da mesquita através de um festival anual único. Isso inclui música e comida, mas tem como objetivo principal reparar o dano infligido a mesquita no ano passado (principalmente a erosão causada pelas chuvas anuais e rachaduras causadas por mudanças na temperatura e umidade). Nos dias que antecedem o festival o gesso é preparado em covas. Ele requer vários dias para curar, mas precisa ser periodicamente agitado, uma tarefa geralmente deixada para meninos que se jogam na mistura em uma brincadeira que acaba preparando adequadamente a massa.

Crianças ainda sujas de mexer a massa (Foto do site papillonreizen)

Crianças ainda sujas de mexer a massa (Foto site papillonreizen)

De lama da cabeça aos pés (Foto do site da BBC)

De lama da cabeça aos pés (Foto do site da BBC)

Homens sobem em andaimes e nos torons da mesquita para aplicar a massa sobre as paredes. Outro grupo de homens carrega o gesso para os operários na mesquita. A corrida é realizada no início do festival para ver quem vai ser o primeiro a entregar o gesso para a mesquita. Mulheres e meninas são encarregadas de levar água para preparação da massa durante o festival e também para os trabalhadores na mesquita. Os membros da aliança pedreiros de Djenné dirigem o trabalho, enquanto os membros mais idosos da comunidade que já participaram do Festival diversas vezes sentam-se em um lugar de honra na praça do mercado para assistir aos trabalhos.

O árduo trabalho de manutenção anual (foto do site www.afrikanieuws.nl)

O árduo trabalho de manutenção anual (foto do site http://www.afrikanieuws.nl)

mas sempre com um sorriso no rosto (Foto do site humanplanet.com)

mas sempre com um sorriso no rosto (Foto do site humanplanet.com)

Em 1930, uma réplica da Mesquita Djenné foi construída na cidade de Fréjus no sul da França. A réplica, a Mesquita Missiri, foi construída em cimento e pintada em ocre vermelho para imitar a cor da original. A réplica foi planejada para servir como uma mesquita para os Tirailleurs senegalenses, as tropas coloniais da África Ocidental do exército francês que foram postadas na região durante o inverno. A mesquita original é presidida por um dos centros de ensino islâmicos mais importantes da África com milhares de estudantes que vem para estudar o Alcorão em madrassas (escolas do Alcorão) de Djenné. As áreas históricas de Djenné incluindo a Grande Mesquita foram designadas como Património Mundial da UNESCO em 1988. Embora existam muitas mesquitas que são mais velhas do que ela, a Grande Mesquita continua a ser o símbolo mais proeminente da cidade de Djenné e da nação do Mali.

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