Publicado por: Quatro Cantos do Mundo | 01/07/2018

Os segredos da Muralha Amarela, visita ao Iduna Signal Park, o estádio do Borussia Dortmund – Alemanha

Para quem gosta de futebol este é um dos estádios icônicos da Europa, famoso pelo fanatismo de sua torcida e pela inigualável Muralha Amarela. Para citar termos que estão na moda, este seria um estádio raiz se comprarmos com os novos estádios cheios de tecnologia construídos pelo mundo que poderiam ser chamados de estádios Nutella. O estádio é raiz porque a torcida é raiz assim como seu time. Por exemplo na área reservada a Muralha Amarela os torcedores assistem as partidas de pé (apenas na Bundesliga, o campeonato alemão isso é permitido). Os jogadores apesar de ganharem salários muito maiores que a imensa maioria da população, tem salários modestos se comparados com os grandes ídolos de times como Barcelona, Real Madrid ou Manchester City e United. Eu senti nas palavras do guia que acompanhou nosso grupo o amor pelo time, algo como se fosse uma religião. Me lembrou muito a várzea, onde os jogos envolvem muito mais paixão que dinheiro.

Lendário Signal Iduna Park

visto de outro lado

O BVB 09 (Ballspiel-Verein Borussia 1909), mais conhecido como Borussia Dortmund, ou apenas, Dortmund (já que Borussias existem vários na Alemanha) teve várias casas antes do Signal Iduna Park. A primeira delas foi o estádio Weiße Wiese (campo branco) que tinha este nome devido as flores brancas existentes ao lado do campo e que forravam o gramado deixando-o branco como a neve. Tinha capacidade para 18.000 pessoas e foi usado entre 1924 e 1937. Confiscado pelo governo alemão para os esforços da guerra que se aproximava o Borussia se mudou para o estádio Rote Erde (Terra Vermelha) com 42.000 lugares, adequado para abrigar a cada vez maior torcida dos aurinegros. Ai permaneceram até 1974 quando a primeira Copa do Mundo sediada na Alemanha nos apresentou o Westfalenstadion atual casa do Borussia com capacidade, após diversas ampliações, para 81.000 fanáticos. Em 2005 o time cedeu os direitos de nome a uma empresa de seguros e o estádio passou a se chamar Signal Iduna Park. É o maior estádio da Alemanha e terceiro maior estádio de um clube europeu (atrás do Camp Nou do Barcelona e do Bernabéu do Real Madrid). Para se ter uma ideia no fanatismo da torcida eles ainda detém o recorde de frequência em uma temporada com 1,37 milhões de expectadores em 17 jogos da temporada 2011-2012. Média de 80.588 pessoas, ou seja, lotação máxima em todos os jogos.

A conhecida camisa amarela e preta nasceu azul e branca. Sim o tradicionalíssimo Borussia Dortmund já teve as cores do seu arque rival Schalke 04 da vizinha Gelsenkirchen, mas como não pegava bem mudaram para o hoje tradicional amarelo e preto para não criar nenhum tipo de confusão. A ideia foi ótima.

Primeira camisa em azul e branco, muito estranha

Tour

São dois tipos de tour para escolher: o BVB Tour (duração de uma hora e meia) e o BVB Tour Plus (duração de duas horas). A diferença entre eles é que no BVB tour plus você também conhece a sala de imprensa, a prisão, a área VIP e o antigo estádio Rote Erde. Os tours são todos feitos em idioma alemão exceto o BVB tour que é feito também em inglês aos sábados e domingos no horário de uma e quarenta da tarde. Eu como queria conhecer o lugar numa quinta feira tomei parte no tour em alemão e o guia bastante simpático me deu algumas explicações em inglês. Os preços são respectivamente 12 e 15 euros por pessoa mais uma taxa de um euro e cinquenta. Você deve imprimir o ticket que irá receber por email e levar no dia da visita. Particularmente eu não consegui comprar meu ticket pela internet no site do BVB, a página estava com algum problema que não avançava até as opções de pagamento. Após enviar um email para ks-sports@eventim.de relatando o problema, eles ligaram para meu celular e fizemos a transação por telefone.

A primeira parada é dentro do museu do estádio onde começamos com um filme sobre o time com legendas em inglês. Aqui é a hora de usar o banheiro porque serão duas horas sem direito a pipi room. Já dentro do estádio paramos na arquibancada que fica de frente para geral, onde se forma em todos os jogos a incrível Muralha Amarela. Muitas explicações em alemão e eu com cara de pôquer. Na próxima parada o guia se deu conta que o tour ia ser muito chato para mim e começou por me dizer algumas palavras em inglês explicando que se tratava da prisão do estádio onde em dias de jogos funciona uma delegacia com capacidade para até 30 presos, mas que sempre abriga dois ou três bêbados.

Curta metragem com um pouco da história do clube

O estádio por dentro

Cada banco ou é amarelo

ou preto

A próxima parada é no bar do estádio e que bar. Ele abre duas horas e meia antes do jogos e fecha também duas horas e meia depois do apito final. Dá tempo de sobra para beber muitas e muitas cervejas. Durante os jogos eles não serve nem bebida nem comida afinal os fãs devem estar na arquibancada incentivando o time. O acesso é restrito a quem compra o carnê para temporada completa. E para quem pensa que tudo é em preto e amarelo os patrocinadores falam mais alto e parte do estádio tem placas verdes de uma marca de cerveja. E olha que para um time mediano da Europa eles tem muitos patrocinadores veja na foto abaixo.

Com um bar destes nem dá vontade de ver o jogo

Inúmeros patrocinadores

Finalmente chegamos onde se “constrói” todos os jogos a Muralha Amarela. Uma arquibancada de concreto sem cadeiras para sentar e cheias de barreiras para evitar quedas quando se faz a “avalanche” que me lembrou em muito, os estádios sul americanos como La Bombonera e a própria Vila Belmiro. Durante as competições europeias as barreiras são retiradas e cadeiras são instaladas no local, trabalho que dura dois dias, mas mesmo assim os fãs continuam assistindo aos jogos de pé. As placas de patrocinadores também são retiradas para jogos internacionais. Nunca imaginei um estádio assim na Europa, por isso o chamo de estádio raiz. É deste setor que literalmente treme quando o Borussia joga que vem a força do time. Com o estádio vazio um simples grito ecoa por alguns segundos, imaginem com ele lotado. Foi assim que em três minutos a Muralha Amarela ajudou o Borussia a virar um jogo que todos davam como perdido. Nas quartas de final da Liga dos Campeões de 2012/2013 o time da casa perdia por 2 x 1 até os noventa e um minutos de jogo e o final foi feliz com um placar de 3 x 2 para os aurinegros.

Barreiras como nos estádios sul americanos

A tradicional Muralha Amarela

em diferentes versões

Outro motivo para o estádio ser bem raiz é que ele tem um ar desleixado, cheio de adesivos colados por todas as partes como nas fotos abaixo. A gramado tem uma porcentagem de grama que é artificial dentro do permitido pela FIFA.

Adesivo do Alf, quem se lembra dele?

com o escudo do clube

Seção Colômbia, um pouco preconceituosa a meu ver

as tradicionais brigas com a polícia que ficaram só nos adesivos

mais BVB

Da geral fomos até a entrada dos vestiários. Aqui outra faceta deste clube fascinante: a superstição. Os jogadores locais sempre acessam os vestiários pelas escadas do lado esquerdo e os visitantes pelas escadas do lado direito. Detalhe as escadas dos aurinegros tem 12 degraus e dos visitantes 13 (número do azar) degraus. Entre os ídolos que estampam a parede de entrada está um brasileiro chamado Dedé que foi o quinto jogador que mais vestiu esta camisa. E começam os causos. Na primeira temporada no time, Dedé liga desesperado para o treinador dizendo que não poderia ir treinar porque alguém tinha feito uma sabotagem em seu carro. Disse que chamaria a polícia. Antes disso um funcionário do clube foi conferir o que acontecia. Na verdade, o carro tinha congelado pelo rigoroso inverno alemão e não por isso não funcionava.

Escadas com 12 degraus

Dedé o último a direita na foto

Outro atual ídolo do clube é Marco Reus que apesar de diversas propostas para se transferir aos gigantes europeus segue fiel ao BVB. É o Marcos (ex goleiro do Palmeiras) de Dortmund. Jogador raiz, num clube raiz.

Reus no vestiário do Borussia

Eles adoram uma história. Consta que o famoso goleiro Buffon da Juventus foi sorteado para o antidoping e os rigorosos alemães marcavam de perto o italiano para que ninguém a não ser ele fizesse o xixi no copinho. Tímido Buffon não conseguia e dá-lhe cerveja para agir como diurético. Lá pela quinta e já bêbado Buffon finalmente conseguiu, mas seu time cansado de esperar já havia partido e ele foi levado por um funcionário do Dortmund de carro até o aeroporto.

Depois de muita história chegamos ao vestiário. Para quem espera algo grandioso será uma decepção. Como tudo no clube o vestiário é espartano ao extremo e segue o padrão mínimo exigido pela FIFA: dois ganchos para os jogadores pendurarem as roupas e um secador de cabelo. O guia brincou que excedem o padrão FIFA já que tem dois secadores de cabelo. Outro fato que chamou minha atenção é que todos os jogadores do clube, sem exceção ou privilégios tem que deixar seu uniforme de jogo em um cesto de roupa suja. Nada de roupa jogada pelo chão para os funcionários recolherem.

O homem que marcou o gol do título da Copa de 2014

Neste cesto os jogadores devem deixar sua roupas

Vestiário espartano

Com um vestiário assim uma hora ou outra iriam causar polêmica e adivinhem com quem aconteceu o burburinho? Sim, só poderia ser com ele, Cristiano Ronaldo. Após um empate em um jogo da Champions CR7 disparou que aquele vestiário não era digno para receber um jogador como ele. Mais uma polêmica do português.

A penúltima parada é à beira do gramado, não sem antes passar pelo túnel de acesso que se mantém original desde 1974. Ao som de muito heavy metal os jogadores já entram pilhados no gramado. O visitante pode sentar-se no banco de reservas e caminhar pela área técnica onde um dia já perambulou o lendário Jurgen Klopp.

Original de 1974

Banco de reservas

A área de Klopp

A última parada é no Borusseum, o museu do Borussia Dortmund. Mais uma vez a austeridade impera. Pequeno pode ser visto em meia hora, mesmo porque todas as informações mais uma vez estão somente em alemão. Mostra as principais conquistas do clube como a Champions League de 1997 vencida diante da Juventus da Itália e o mundial interclubes na qual bateu o Cruzeiro de Belo Horizonte. O Borussia também foi o primeiro clube alemão a vencer uma competição europeia batendo o Liverpool na final da Recopa de 1966. Mas não são só as vitórias que estão presentes, os títulos perdidos como a Copa da Uefa de 2002 diante do Feyenoord da Holanda ou a Champions League de 2013 diante do Bayern de Munique também aparecem no museu.

Entrada do museu

Final da Recopa 1966

Antigos bancos do estádio

Final da única Champions vencida pelo Dortmund

A orelhuda de 1997

A taça do mundial

Final perdida contra o Feyenoord

Há também menções sobre as duas Copas do Mundo que aconteceram no local em 1974 e 2006 e um totem só mostrando as vitórias no derby contra o Schalke 04. Para finalizar quem quiser pode comprar os produtos com a marca BVB na loja que fica ao lado do estádio.

Copa de 1974

Copa de 2006

Maquete do estádio

Vitórias em derbys na TV

Um pouco de diversão

Mas suas preocupações não devem ser apenas com o planejamento de viagem até Dortmund. Saúde é um item primordial em uma viagem e que não deve ser negligenciado. Viaje tranquilo fazendo um Seguro Saúde conosco. Clique em Seguro Saúde e faça sua cotação on line.

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