Conhecemos Jennifer no albergue de Tunis, capital da Tunísia. Sempre que lembramos da cidade nos vem à cabeça uma piada de nossa viagem. Lemos em um guia que Tunis tem um leve ar parisiense. Ao chegar à cidade logo filosofamos: o ar parisiense é tão leve que bateu um vento e levou, porque a cidade não tem nenhum glamour e beleza que esperamos encontrar no dia que formos a Paris.
O albergue promovia a interação entre os hóspedes incluindo um jantar em mesas coletivas na diária. Foi assim que descobrimos que Jennifer viajava sozinha por um país muçulmano, pois por azar seu amigo homem que a acompanharia teve que cancelar a viagem. Em poucos dias já havia passado maus bocados. O que é quase proibido para as tunisianas, não é altamente desaconselhável para mulheres ocidentais: viajar desacompanhadas por países islâmicos.
Em uma de suas aventuras em dois dias de estadia foi abordada por dois rapazes tunisianos. Logo de cara perguntaram se ela queria fazer sexo com eles. Diante da negativa, tiveram a cara de pau de perguntar por que não, se toda ocidental faz sexo com qualquer homem.
A continuação da conversa foi uma das maiores lições de moral que já escutei em toda minha vida. Ela disse: vocês pensam que todas não muçulmanas fazem sexo com qualquer um, não é? Eles: sim claro. Ela: pois no meu país as pessoas acham que aqui todos são terroristas. Vocês são? Só obteve o silêncio como resposta e logo eles se afastaram e deixaram de perturbá-la.
Como enfrentar este tipo de diálogo todos os dias não é nada fácil, fizemos um pacto: Jennifer viajava conosco para se sentir mais protegida. Eu brinco que ela passou a ser minha segunda esposa (por lá os homens podem ter até cinco esposas desde que tenham condições de sustentar a todas). E nós aproveitaríamos seu francês fluente já que não falávamos uma só palavra do idioma.
Primeiro destino Le Kef, não sem antes passar nas ruínas romanas de Dougga. Para chegar lá tomamos um louage (lotação), mas sem tempo para esperar que a van enchesse, fechamos o carro só para nós. O motorista nos largou na estrada, a uns três quilômetros das ruínas. Uma carona paga nos levou até lá com uma pitada, ou melhor dizendo, uma paulada de cultura local: homens (eu e o dono do carro) na frente, Fabi e Jennifer atrás junto com a carga no que parecia ser uma Fiorino. Evidenciando bem qual o papel das mulheres nas sociedades muçulmanas. No fim do dia alcançamos Le Kef em um louage público compartindo espaço com os locais.
Segundo dia e mais desafios: A Tabla de Jugurtha nos esperava imponente, mas nós já safos visualizamos uma ótima oportunidade de fugir dos louages que tanto nos acompanhariam pela Tunísia. Um casal de franceses com carro alugado tomava café da manhã na mesa ao lado. Devido à barreira do idioma tivemos que insistir muito para que a Jennifer usasse seus dotes lingüísticos para pedir uma carona. Acho que ela venceu a timidez mais para evitar o louage que por nossos pedidos.
Com a carona garantida botamos o pé na estrada felizes para conhecer mais um dos aspectos da cultura local: blitz policiais nas estradas. O passaporte já ficava na mão, tantas eram as paradas. Em uma destas o policial viu cinco pessoas; dois homens e três mulheres e logo pensou: tem uma sobrando que pode ser minha. Sem cerimônias convidou Jennifer para um café já que eles não bebem álcool. Recusa feita, seguimos viagem para presenciar o contrabando de combustível da vizinha Argélia em pequenas motos carregadas de galões de gasolina. Como dizem os tunisianos: “no oil, no war” se referindo a paz que reina no país segundo eles porque não possuem petróleo.
A Tabla tem vistas belíssimas, ótimas para fotos. O trekking não é muito pesado e apropriado até para aqueles mais sedentários e que ostentam uma cinturinha de quibe. Antes de nos despedirmos de nossos amigos franceses ainda tivemos tempo para fotografias com crianças locais curiosas com a presença dos forasteiros e para encontrar um holandês que viajava de carona pelo país. Este sim, pode ser chamado de aventureiro.
Com a deserção francesa não tivemos outra opção a não nos rendermos aos louages. Se perdemos em conforto e comodidade, podemos dizer que ganhamos na mega sena de imersão na cultura local. Esperando a van lotar batemos um papo com o doidinho da cidade, cada um em seu idioma, já que em conversa de doido a língua é o que menos importa. Já com a Tabla no retrovisor encontramos uma raridade em terras tunisianas, um local que falava inglês. Um doce para quem adivinhar a profissão dela: professora de inglês. Para se ter uma idéia da dificuldade que tivemos por lá, o albergue (afiliado ao Hostelling International) respondia em francês nossos e-mails enviados em inglês.
Exaustos ainda tivemos energia para comemorar nossa recém começada amizade relembrando as divertidas histórias que vivemos nestes dois dias e comendo couscous tunisiano regado a muita cerveja (somente encontrada em restaurantes para estrangeiros). Na manhã seguinte Jennifer regressava a Tunis e nós seguíamos em direção ao interior para mais vinte dias de aventuras.
Mas suas preocupações não devem ser apenas com os pontos turísticos locais. Saúde é um item primordial em uma viagem e que não deve ser negligenciado. Viaje tranquilo fazendo um Seguro Saúde conosco. Clique em Seguro Saúde e faça sua cotação on line.
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O que mais tenho saudades das viagens, são os amigos que deixamos para trás. Amizades tão rápidas, mas muito intensas.
Adorei o relato.
Abraços
By: Guilherme Tetamanti on 01/10/2012
at 11:30
Ola Guilherme
realmente algumas amizades que fazemos nas viagens sao mais intensas que com pessoas que vemos sempre.
grande abraco
Eder
By: Quatro Cantos do Mundo on 09/10/2012
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