Publicado por: Eder & Fabi Rezende | 08/01/2012

Três Lugares de Arrepiar os Cabelos – Killing Fields – Camboja – Parte III

Killing fields ou campos da morte são a mais pura tradução dos horrores praticados pelo mais cruel regime comunista de todos os tempos. O que vimos nestes campos nos arredores de Phnom Penh, a capital do país, é algo capaz de fazer ruborizar os maiores vilões da história mundial. De Hitler a Stalin, passando por Gengis Khan, Átila o Huno e Nero. É por isso que os Killing Fields fecham a série “Três Lugares de Arrepiar os Cabelos”.

Na década de 60 o Camboja era um país tão ou mais pobre que agora e após o início da guerra do Vietnã seu território foi constantemente bombardeado por aviões americanos. Era o terreno ideal para prosperar uma revolução. O “salvador” do povo apresentou-se na forma de um grupo de estudantes cambojanos regressos da França. Entre eles um nome seria manchete em todos jornais do mundo, Pol Pot o líder do temível Khmer Rouge ou Khmer Vermelho.

Milhares de crânios expostos nos Killing Fields

O Khmer Rouge tomou o poder em abril de 1975 e o que era para ser a completa redenção de um povo pobre e sofrido tornou-se seu maior pesadelo.

Pol Pot e seus camaradas (saudação a qual todos passaram a ser chamados) criaram o que denominaram uma sociedade puramente comunista baseada em uma economia agrária totalmente controlada pelo Partido da Kampuchea Democrática. As cidades foram evacuadas e toda a população enviada para zona rural para trabalhar em plantações de arroz. Phom Penh teve sua população reduzida de um milhão de habitantes para meros quinze mil habitantes. Às famílias mais resistentes era dito que a evacuação era apenas por três dias para evitar bombardeios de aviões americanos. Os hospitais símbolos do capitalismo por usarem apenas medicina ocidental foram abandonados, assim como todas as fábricas. As quinze mil almas restantes davam cabo das tarefas governamentais.

O arroz seria a redenção do país que serviria para alimentar a população e como moeda de troca em comércio com outros países comunistas. Moeda, aliás, foi algo abolido pelo regime. Não existiu dinheiro no Camboja entre 1975 e 1979. Se não havia dinheiro, os mercados foram fechados e o comércio proibido, afinal comerciar é uma atividade eminentemente capitalista que contrariava as novas diretrizes do país. A simples coleta de frutas silvestres para aliviar a fome que se alastrou baixo o comando de Pol Pot era vista como um empreendimento privado e passível de punição de morte. A religião também foi proibida.

Vítimas decaptadas e enterradas em valas comuns

As cooperativas agrárias foram obrigadas a triplicar a produção de arroz. Agora eram necessárias três toneladas de grãos por hectare. Sem emprego de tecnologia, as cifras na maioria das vezes inatingíveis só eram alcançadas a custo de trabalhos forçados. Todos os bens foram confiscados, cada individuo só tinha direito à propriedade de uma muda de roupa, um prato, uma colher e um copo. A privacidade e o agrupamento em família também deixou de existir. Todos viviam sob o mesmo teto em barracões enormes. O Estado tomou o lugar antes ocupado pela família. Pais e mães eram separados dos filhos, pois estes eram muitas vezes considerados capitalistas sem regeneração. Uma vez separados a lavagem cerebral nos jovens se tornava tarefa muito mais fácil.

É óbvio que mudanças tão radicais que mais parecem vindas de um filme de ficção cientifica só poderiam ser implantadas sob perseguição política e muita violência. O Khmer Rouge assassinou dois milhões de pessoas em quatro anos, o equivalente a 25% da população do país e proporcionalmente é considerado o regime mais letal do século passado. Grande parte destes assassinatos ocorreu nos Killing Fields. Os primeiros perseguidos foram pessoas ligadas ao antigo governo, depois foi a vez de pessoas com educação formal (médicos, engenheiros, advogados, professores). O país era dos camponeses, livros foram queimados, escolas fechadas e alto grau de especialização era sinônimo de problemas no novo Camboja. A alimentação também era controlada pelo governo através da entrega de rações semanais de arroz. Sob o pretexto de trabalharem pouco, estas rações eram reduzidas para indivíduos com estudo superior. O simples fato de usar óculos era motivo suficiente para sofrer perseguições pelas milícias de jovens comunistas, algo muito semelhante à Revolução Cultural Chinesa.

Pilhas de ossos humanos encontrados durante escavações

A megalomania de Pol Pot não parou por ai. A pena capital era aplicada a qualquer um que se desconfiasse ser subversivo, mesmo que este até poucos dias fosse um fiel defensor do regime. Após dias de torturas conduzidas em uma escola secundária (hoje Museu do Genocídio Tuol Sleng) no centro de Phnom Penh pelo Camarada Duch (braço direito de Pol Pot) famílias inteiras eram mortas nos Killing Fields e enterradas em valas comuns. Com medo de vingança também assassinavam as crianças. Adultos eram mortos a golpe de picaretas e o mais cruel era destinado aos pequenos. Seguros pelas pernas, os assassinos golpeavam suas cabeças contra árvores.

Os expurgos (assassinatos) também se estenderam a membros do Partido da Kampuchea Democrática tamanho o medo do governo de ser deposto. Por ironia do destino o mesmo Vietnã que era um grande aliado em meados de 1975, quatro anos mais tarde foi o responsável pela queda de Pol Pot e implantação de um novo regime comunista.

Algumas das duas milhões de vítimas do Khmer Rouge

Infelizmente muitas eram crianças

As histórias de violência sem precedentes são muito parecidas com as já contadas por nós pelos regimes de Hitler em Auschwitz e do Apartheid na África do Sul. O que torna a “obra” do Khmer Rouge diferente das outras e ainda mais perversa aos olhos humanos é que eles assassinaram seu próprio povo. Isso tudo já faz parte da História, mas fica aqui mais um momento de reflexão.

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Respostas

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  3. Pessoal,

    Isso não é um post, é uma AULA DE HISTÓRIA! Já tinha muita curiosidade de conhecer o Camboja, agora mais ainda.

    Parabéns 🙂

    Abs,

    • Grande Júnior
      sempre que viajamos gostamos de ir além dos pontos turísticos. História é um dos nossos temas favoritos principalmente a contemporânea.
      Foi assim no Camboja, Moçambique e muitos outros lugares onde lemos livros sobre as histórias destes países.

      Vale a pena visitar o Camboja. espero que sua viagem pra lá seja em breve.

      grande abraço

      Eder

  4. otimo ler isso agora! em dois meses estarei por la e quanto mais eu souber mais tudo ira fazer sentido!

    • Olá Fábio
      a História recente do Camboja é muito rica, tenho certeza que você vai gostar.

      Além de Camboja e Vietnã, onde mais você vai estar pela Ásia?

      dicas é só nos gritar
      abs
      Eder

      • Sim! Nao so o Khmer Rouge possui historia por la ne!

        Alem de Vietnam e Cambija, eu vou para Laos, Tailandia, Malasia, Singapura, Filipinas e Indonesia…Timor Leste eu ainda nao sei! Eu vou dar um pulo pela India tb!

      • Oi Fábio
        temos certeza que você vai adorar o Sudeste asiático. Conhecemos boa parte destes países e todos tem seu encanto próprio. Não fomos a Timor Leste, mas ouvimos muito bem de lá. No seu lugar não perderia esta oportunidade.

        depois nos conte suas aventuras.

        abraços

        Eder

  5. Parabéns pela pesquisa que enriquece e esclarece ao viajante sobre a história do local visitado ou a visitar.
    Parabéns aos mentores e organizadores do “Quatro Cantos do Mundo” dos quais tive o prazer de conhecer o casal FabiEder !
    Abraços,
    José Luiz
    Rio-RJ

    • Fala Zé
      valeu pela mensagem amigo.
      Tá nos devendo uma visita a Sampa para nos encontrar. Pode ser no fim de semana de um dos Encontros dos Viajantes. Assim aproveita e conhece a Amélie a mais nova integrante da famíia.

      abraços

      Eder e Fabi

  6. Uau essa era uma informação do Camboja totalmente desconhecida pra mim! Arrepiante e crueldade de alguém que chamamos de ser humano.
    Obrigada por compartilhar conosco este excelente texto!
    abraços

    • Olá Raquel
      o Camboja é um país fascinate, cheio de contrastes e com muita história recente para ser contada.

      Continue nos acompanhando

      abraços

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  9. Acabei de escrever meu artigo sobre Phnom Penh e compartilhei seu artigo com meus leitores. Realmente uma aula de história e o lugar de arrepiar os cabelos!!!

    Abraços

    • Guilherme

      valeu por compartilhar nosso post com seus leitores. Voce que passou por la sabe que o lugar e bem sinistro.

      grande abraco

      Eder

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