Publicado por: Eder & Fabi Rezende | 16/03/2014

Cuidando da saúde em viagens

As grandes preocupações de quem planeja uma viagem estão sempre na órbita do tripé da sobrevivência: transporte, hospedagem e alimentação. Todos estão sempre preocupados com os preços cada vez mais altos dos hóteis cinco estrelas ou atarefados na reserva de um restaurante do guia Michelin ou ainda concentrados em comprar o último assento do avião naquela promoção relâmpago, mas pouquíssimos são aqueles que colocam a saúde durante a viagem em sua lista de prioridades. Desta ínfima minoria que pensa na sua saúde antes de viajar posso arriscar que 99,9% deles se dá por satisfeito ao fazer um seguro saúde. A compra de um das centenas de seguros saúde disponíveis no mercado é melhor que nada, mas ainda está longe de ser o ideal levando-se em conta que uma doença pode estragar sua viagem, muitas vezes planejada por anos.

Coloque sua saúde na lista de prioridades para próxima viagem

Coloque sua saúde na lista de prioridades para próxima viagem

Para você que sempre pensou que o seguro saúde era a solução de seus problemas, neste texto iremos desmistificá-lo e também mostrar sob outro enfoque o que pensamos ser a melhor solução para cuidar da sua saúde em viagens.

Parafraseando o Dr. Drauzio Varella, por quem tenho grande admiração como médico e pessoa: “A melhor medicina é a medicina preventiva”. Seguindo esta lógica, comprar um seguro saúde para viajar não faz sentido uma vez que ele não previne que você contraia doença alguma. O seguro saúde age de forma corretiva (tratamento da doença) e não de forma preventiva evitando que as enfermidades aconteçam que é exatamente objetivo de todos durante uma viagem.

Evitar a doença é muito melhor que tratá-la

Evitar a doença é muito melhor que tratá-la

Outro ponto de vista a ser considerado é que mesmo no tratamento de doenças, em muitos casos o seguro saúde será pouco útil. Imaginem uma viagem pelo interior de Moçambique como nós já fizemos. O país tem em média um médico para cada 35.000 habitantes, o que totaliza cerca de 685 médicos para um país de dimensões continentais. Será difícil encontrar um pelo interior do país e eu diria quase impossível receber atendimento em um hospital. A remoção aérea que é parte da cobertura de muitos seguros saúde também é deficitária em Moçambique. De que serve então um seguro saúde que cobre despesas de hospitais, médicos e remoção se estes serviços não estão disponíveis?

É mais fácil encontrar esta agulha que um médico em Moçambique

É mais fácil encontrar esta agulha que um médico em Moçambique

Por fim todo seguro saúde tem um preço que por menor que seja acaba pesando no seu orçamento de viagem. Só para se ter um ideia um seguro saúde para uma pessoa em uma operadora reconhecida no mercado pelo período de uma semana na Alemanha custa cento e sessenta reais. Muitos podem apelar para o seguro saúde do cartão de crédito que em teoria tem custo zero para o proprietário do cartão, mas a cobertura deixa a desejar e não inclui por exemplo cobertura de partos e complicações decorrentes da gravidez. O barato pode sair caro vide a brasileira que teve a remoção do Peru negada pelo seguro saúde da operadora do cartão de crédito.

Mas então como encontrar uma solução que seja ao mesmo tempo preventiva, eficaz em qualquer parte do mundo e a custo zero? Sim, ela existe e nós falaremos sobre ela a seguir.

Antes de nossa Viagem de Volta ao Mundo conhecemos o Núcleo de Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas em São Paulo e lá fomos apresentados a verdadeira medicina preventiva. O primeiro passo é agendar uma consulta pelo email: agendamento@emilioribas.sp.gov.br ou pessoalmente no guichê de admissão na Avenida Doutor Arnaldo 165. Em caso de dúvidas ligue para (11) 3896-1400. Tenha em mãos no dia da consulta documento com foto, carterinha de vacinação e itinerário de sua viagem. Toda a equipe é sensacional, mas se tiver sorte, como nós, será atendido pelo Dr. Jessé Alves que foi nosso médico antes, durante e depois da viagem. A primeira consulta tratará dos riscos mais gerais e das ações preventivas para se evitar as doenças em cada lugar a ser visitado. No nosso caso foram três consultas antes da viagem, cada uma com duração média de uma hora. Para maiores detalhes do funcionamento do Núcleo de Medicina do Viajante veja a entrevista que o Dr. Jessé Alves concedeu ao Dr. Drauzio Varella.

Página do Núcleo de Medicina do Viajante no Instituto Emilio Ribas

Página do Núcleo de Medicina do Viajante no Instituto Emilio Ribas

Você ficará sabendo entre outras coisas que África e Ásia são potenciais áreas de risco de contágio de malária, doença para qual não existe vacina. A prevenção da doença se dá pelo uso de remédios como doxiciclina ou malarone. A doxiciclina é vendida no Brasil e deve-se tomar um comprimido de 100 mg por dia, dois dias antes, durante a estadia e quatro semanas após sair da área de risco. Os possíveis efeitos colaterais são diarréia, pesadelos, má formação do feto e corte do efeito de pílulas anti concepcionais. Já o malarone na época não era vendido no Brasil. Tem menos efeitos colaterais, mas é mais caro. A posologia também de um comprimido de 300 mg por dia, dois dias antes, durante a estadia e uma semana após sair da área de risco. Lembrando que nunca devemos usar medicamentos sem prescrição médica.

Outra forma de prevenção de malária e outras tantas doenças transmitidas por mosquitos é o uso de repelente, mas esqueçam o que nós brasileiros chamamos de repelente, marcas como Off ou citronela. Para funcionar tem que ter no mínimo 50% de DEET (Dietil Meta Toluamida) na composição e deve ser aplicado após o uso do protetor solar.

DEET o único que realmente mantém os mosquitos longe

DEET o único que realmente mantém os mosquitos longe

Outras doenças que você pode encontrar pelo mundo podem ser previnidas pela imunização com vacinas. No caso de viagens para áreas de risco devemos tomar os reforços das vacinas de poliomielite, hepatite A e B, meningite, febre tifóide, febre amarela, raiva, encefalite japonesa, cólera e tétano.

As vacinas de poliomielite, febre amarela, febre tifóide, hepatite A e B e tétano podem ser tomadas no próprio Núcleo de Medicina do Viajante. A vacina de febre amarela é válida por dez anos e deve ser acompanhada do Certificado Internacional de Vacinação da Febre Amarela (CIVP). A vacina de febre tifóide é válida por três anos. As vacinas de hepatite A e B devem ser tomadas em três doses num período de seis meses apenas se você não possui anti corpos para estas doenças. Os anti corpos podem ser desenvolvidos pelo contágio ou pelo simples contato com o vírus mesmo que a doença não se desenvolva. A verificação da existência de anti corpos também é feita no local. A vacina de tétano também é válida por dez anos e a de raiva pode ser tomada no Instituto Pasteur em três doses de profilaxia e mais duas doses em caso de possível contato com o vírus.

Isto é prevemção

Isto é prevemção

A vacina de meningite (quadrivalente A, C, Y e W135) só está disponíveis em clínicas particulares a um custo médio de cento e quarenta reais. A vacina da encefalite japonesa não está disponível no Brasil e deve ser tomada na Europa ou Ásia. A vacina contra cólera também só está disponível em clínicas privadas e como na grande maioria das vezes a doença só causa diarréia sem colocar em risco a integridade física da pessoa, resolvemos não tomá-la. A melhor prevenção a cólera é tomar água de procedência conhecida e evitar comer alimentos crus. Em situações extremas onde a água potável é escassa recomendamos usar o filtro portátil de água Lifestraw que será sua garantia de água livre de cólera e outros microorganismos e parasitas.

Lifestraw: uma alternativa para água não potável

Lifestraw: uma alternativa para água não potável

Todas as consultas e vacinas na rede pública (Instituto Pasteur e Hospital Emílio Ribas) são gratuitas. Você não tira um só centavo do bolso para ter um atendimento de primeiro mundo, aliás melhor que nos países desenvolvidos onde os moradores tem pagar por este tipo de serviço. A equipe do Núcleo de Medicina do Viajante também irá preparar uma lista com doenças mais comuns (gripe, dor de cabeça, enjôo), seus sintomas e remédios a serem tomados com as respectivas doses.

Durante a viagem você ainda pode manter contato com seu médico do Núcleo de Medicina do Viajante por email para esclarecimento de eventuais dúvidas. É como se fosse um médico da família que irá te acompanhar por toda viagem e após o término dela, quando recomendamos que volte para passar por nova consulta de reavaliação.

Uma pena que este excelente serviço só está disponível nas cidades brasileiras de São Paulo e Rio de Janeiro. No exterior você pode encontrar um Núcleo de Medicina do Viajante mais próximo clicando no link: International Society of Travel Medicine.

Você já conhecia este serviço? O que achou deste novo enfoque sobre sua saúde em viagens? Envie para nós sua opinião, crítica, dúvida ou sugestão.

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Respostas

  1. Excelente dica, que merece ser divulgada

    Como sempre, em lugares mais precarios, cuidado com a agua e evitar alimentos crus, inclusive salada, são um ponto a ser considerado.

    • Ola Ernesto
      para aqueles que não tem minha sorte de beber água de torneira pelo mundo sem passar mal, esta é uma ótima dica.
      A água é vetor de varias doenças e vale ficar atento.

      abs

      Eder

  2. Bom dia Eder! Diz o marido que eu sou meio exagerada neste assunto e que ser filha de médico me leva a ser quase hipocondríaca. Eu prerifo pensar que sou previnida e prudente.
    Vou antecipar algumas coisas aqui. Na última viagem eu usei um polivitamínico para as crianças por indicação de uma nutricionista muito chegada. Ela nos recomendou o Pharmaton Kiddi e começamos alguns dias antes da viagem. Meu mais novo é muito sensível a mudança de clima, então, quanto mais a imunidade estiver boa, menos ele sente… E aconteceu como eu imaginava, durante a viagem eu não consegui dar o tanto de frutas e verduras que dou em casa, claro. O polivitamínico me deixou tranquila neste sentido.
    Invisto também na farmacinha pessoal. Aliás, viajo sempre com duas, uma portátil que vai na mala de mão e outra mais completa que vai na despachada. Também vou escrever sobre isso no Diário de Viagem futuramente. Além de remédios, carrego “outras coisas” dentro da farmacinha…. rs
    Bom, sobre a África, também não tomei o remédio da malária. Compramos en JNB e viajamos com ele na bagagem para o Kruger, assim como o repelente que foi comprado lá e não levado do Brasil.
    Acredito que na questão da prevenção, vale pensar em tudo, roupas, repelentes, horários de passeios, telas, e, também, a idade das crianças. Acredito que existem certos riscos que são desnecessários em determinadas idades.
    Sobre comida e bebida, além dos cuidados com a água, sucos, gelo, etc e tal, prefiro pagar mais para alimentar com segurança as crianças do que arriscar as férias com doenças, ainda que leves.
    Especificadamente sobre a comida, sigo uma regra antiga que aprendi no exterior: If you can`t peel it, boil it or cook it, forget it.
    Sobre o Nucleo de Medicina do Viajante eu já sabia. Só não tinha conhecimento que eles acompanhavam as pessoas até depois da viagem. Nossa, achei o máx!

    • Ola Adriana
      na Volta ao Mundo levamos os remédios indicados no Núcleo de Medicina do Viajante mas não usamos nenhum. Só tiveram serventia para as pessoas que encontramos pelo caminho e passavam por algum mal (enjoo, dor de cabeça, etc). Até perguntavam se éramos médicos.
      Na questão da comida, acampar é ótimo por isso. Você pode reparar sua própria comida e ai sabe a procedência e evita problemas.

      O Núcleo de Medicina do Viajante é serviço de primeiro mundo que pouca gente conhece. temos que ajudar a divulgá-lo.

      bjs

      Eder

  3. Eder, fantastica a sua dica!

    Já entrei em contato com eles e agendei minha consulta!

    • Oi Luciana

      que bom que gostou da dica. Tenho certeza que vai gostar muito mais do atendimento do Núcleo de Medicina do Viajante.

      abs

      Eder

  4. Nossa, coisa linda esse blog de vocês! E coisa ainda mais linda a avalanche de dicas, que vai ajudar a tranquilizar minha namorada quanto a esse medo dela (sobre saúde) e colaborar muito no planejamento da nossa trip.
    Essa dica do Núcleo de Medicina é muito show, e no que depender de mim, divulgarei muito!
    Ah! assim que houver outro encontro, gostaria de participar.
    Abraços,

    Fernando

  5. Obrigadíssima pelas dicas! Hoje eu e meu marido estivemos no Núcleo de Medicina do Viajante e fomos super bem atendidos por toda a equipe. Só atualizando, as vacinas contra hepatite A e febre tifoide não estão mais disponíveis na rede pública, somente em clínicas particulares. Ainda não fomos atrás de valores, mas o médico disse que fica em torno de 150 reais cada dose. Quando se pensa no risco ao viajar por tantos países diferentes, é um bom negócio. Um abraço e valeu de novo pelas dicas! Mari.

    • Ola Mari
      obrigado pela atualização quanto as vacinas de febre tifoide e hepatite A.

      O atendimento do núcleo é mesmo show

      aproveitem a viagem

      bjs

      Eder

  6. Olá!
    Tudo bem? Vocês tomaram a vacina contra encefalite japonesa quando estiveram pelo sudeste asiático? Se sim, em qual país?
    Obrigada,

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  12. […] Para todos os passageiros, a recomendação é estar em dia com suas vacinas em dia (tétano, difteria, sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite, Haemophilus infuenzae tipo B – Hib e hepatite B). Além disso, a imunização contra febre amarela é aconselhável para quem vai viajar para regiões de matas e rios no Brasil, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, e para quem vai visitar certos países na África, América Latina e Caribe, Ásia e Oceania. Alguns desses países exigem que o passageiro seja vacinado para poder entrar. Confira as recomendações de acordo com o país ou região de destino acessando o link (em inglês). Nos casos em que a vacina contra febre amarela é obrigatória, o viajante precisa apresentar o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia. Ele é emitido em postos da Anvisa, mediante apresentação de carteirinha de vacinação preenchida e documento para comprovação de identidade. Quer saber tudo para cuidar de sua saúde antes de viajar, acesse o link Cuidando da saúde em viagens. […]

  13. Boa tarde, queria saber se poderia tirar uma dúvida. Se eu contratar um seguro viagem, desses que trabalha com ressarcimento posterior e precisar fazer uma consulta médica de um resfriado forte, um desconforto intestinal, coisas que um hospital não atenda por não ser considerado uma emergência, isso tem cobertura? Agradeço.

    • Ola Carlos
      sim a consulta médica tem cobertura. Por exemplo eu já fui em uma consulta dentária para verificar um ponto preto em meu dente na África do Sul e recebi reembolso.

      Se quiser retribuir nossa ajuda compre seu próximo seguro viagem conosco pelo link: segurospromo.com.br/p/ederezende/parceiro

      boas viagens

      Eder

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