Até então nunca tinha ouvido falar do tal Châteauneuf-du-Pape, mas o dito cujo é famoso em todo mundo e muito conhecido, exceto por leigos da enologia como eu. Para falar a verdade enquanto vivíamos no Brasil o vinho poucas vezes estava sobre a mesa de nossa sala de jantar. Uma vez ou outra, no inverno e com fondue havia um chileno que invariavelmente era um Concha y Toro. Uma vez na Argentina experimentamos um Luigi Bosca e adoramos. Depois descobrimos que este vinho é bem conceituado no círculo da enologia, ou seja, tínhamos bom gosto. Mas nunca passamos muito disso.
Depois de um ano e meio de Espanha uma das mudanças em nossos hábitos alimentares é que o vinho passou a fazer parte do nosso dia a dia. O consumo que era de uma garrafa a cada três meses no Brasil, passou a uma por semana e consequentemente o interesse pelo assunto também cresceu. Na Espanha existem ótimos vinhos e o melhor de tudo, muito baratos, mas o problema é que o mercado é protecionista e dificilmente se encontra uma “botella” de vinho estrangeiro nos mercados. Assim quando programamos nossas férias para Provence imediatamente começamos a estudar os vinhos da região. O resultado foi este post com muita degustação e informação.
História do Châteauneuf-du-Pape
As primeiras videiras em Châteauneuf-du-Pape foram plantadas pelos antigos romanos. Ruínas antigas romanas são fáceis de encontrar no sul do Vale do Ródano. Châteauneuf-du-Pape tem este nome dos tempos em que o papa se mudou para Avignon em 1309 e naturalmente fez com que os vinhos da região levassem seu nome. Châteauneuf-du-Pape significa em tradução literal: “O novo castelo do papa”. O movimento se deveu a questões entre o rei da França e o papado. Oito papas diferentes viveram em Avignon até 1378.
O primeiro papa a se mudar para Avignon foi Clemente V, que era um ávido amante de vinhos. O papa Clemente V também passou algum tempo em Bordeaux, no que hoje é chamado Chateau Pape Clement, em Pessac Leognan. Neste momento, a maior parte do vinho local produzido era produzido pela Igreja, ou para a Igreja e atividades religiosas. Enquanto Clemente V se interessava pela gestão de vinhos e vinhedos, seus gostos e interesses corriam mais para a Borgonha, que ele tentava ajudar a promover. O próximo papa, João XII, era fã do vinho Châteauneuf-du-pape o que fez melhorar as práticas vitícolas da região. João XII ergueu um castelo e plantou videiras em 1317. Na época, os vinhos eram conhecidos como “Vin du Pape”.
Em 1344, 45% da população de Châteauneuf-du-Pape dedicava-se à produção de uvas para vinho. Como comparação, muitos dos futuros vinhedos da Europa ainda estavam cobertos de plantações de cereais. No final dos anos 1300 Châteauneuf-du-Pape já não era mais uma comunidade próspera uma vez que o papa se mudou de volta para Roma. No entanto, o vinho permaneceu importante para a região e sua identidade.
No final dos anos 1700, Châteauneuf-du-Pape ganhou fama pela qualidade de seus vinhos, que os entendidos diziam combinar as melhores qualidades do Languedoc e Bordeaux.
Em 1919, os limites oficiais da denominação de Châteauneuf-du-Pape foram redigidos. Em 1924, Châteauneuf-du-Pape solicitou o status de denominação oficial. Em 1936, o INAO, Institut National des Appellations d’Origine criou oficialmente a denominação de Châteauneuf-du-Pape e criou leis e regras que os produtores precisavam seguir, se decidissem vender seus vinhos sob a designação oficial de Châteauneuf-du-Pape. Além da região geográfica, algumas outras regras importantes foram estabelecidas para as fazendas que produzem vinho em Châteauneuf-du-Pape. Quinze variedades diferentes de uvas podem ser plantadas na denominação. A densidade da vinha não deve ser inferior a 2.500 videiras por hectare e não pode exceder as 3.000 videiras por hectare. As videiras devem ter pelo menos 4 anos de idade para serem incluídas no vinho. A colheita mecanizada não é permitida em Châteauneuf-du-Pape. Todos os produtores devem colher 100% de suas frutas à mão. As videiras podem irrigar-se não mais do que duas vezes por ano. No entanto, a irrigação só é permitida quando as colheitas estão claramente a sofrer devido a uma seca severa. Se uma propriedade deseja irrigar devido à seca, eles devem solicitar permissão ao INAO. Qualquer rega deve ocorrer antes de 15 de agosto. O vinho Châteauneuf-du-Pape deve ter pelo menos 12,5% de álcool e a chaptalização não é permitida. Estes são os requisitos mínimos para os produtores que desejavam vender seus vinhos como Châteauneuf-du-Pape.
Como era de se esperar existem algumas bodegas abertas à visitação na região. Nós escolhemos o Cellier des Princes que é uma cooperativa com 189 produtores de uva que desde 1925 levam toda sua colheita dos 580 hectares para produção do verdadeiro Châteauneuf-du-Pape. O enólogo da bodega é o jovem e talentoso Thierry Ferlay de 38 anos. Mas nós viemos aqui para beber ou para conversar? O Cellier des Princes está aberto os sete dias da semana para que você possa apreciar a degustação de vinhos. E o melhor de tudo a degustação é totalmente grátis. Óbvio que depois de provar vinhos tão bons você não sairá da bodega sem meter a mão no bolso. Nós por exemplo levamos umas doze garrafas da loja localizada bem ao lado do balcão de degustação.
Chegamos a vinícola sem pressa, afinal era um dia de chuva e não teríamos mais nada para fazer naquele dia. Deixamos as crianças no tablet e começamos a degustação um pouco tímidos, afinal havia uma barreira linguística a ser vencida. Nós tentávamos o inglês e a pessoa do outro lado do balcão só falava francês. O álcool do vinho com certeza nos ajudaria desenrolar nosso francês para lá de primitivo, mas nem foi necessário. Ao descobrir que falávamos espanhol a Gerente da bodega (uma valenciana) veio nos atender em pessoa. A partir dai provamos mais de quinze tipos de vinhos brancos, roses e tintos. Um melhor que o outro. Numa folha de papel você vai marcando os vinhos que mais gostou. Impossível. Gostamos de todos. E lá pelo décimo já nem lembrávamos do primeiro que foi degustado. Gastamos toda a manhã, ou melhor, investimos toda a manhã nesta inesquecível degustação e decidindo quantas garrafas deveríamos levar de cada vinho. Me senti como Baco, o Deus do vinho.
Saímos para almoçar no Cafe de L’univers um típico café francês de uma cidadezinha perdida na Provence, no caso a cidade era Courthezon. Vão todos em seu ritmo provençal, mas se tiver paciência de esperar provará uma ótima comida.
Tão logos almoçamos e bateu uma saudade. Resolvemos então voltar para a visita as áreas produtivas da vinícola. O tour dura cerca de 30 minutos e também a grátis. Como é todo falado em francês a mim restou tirar fotos e apreciar os gigantescos toneis de envelhecimento do vinho. Este tour acontece todos os dias às 10:30 e as 15:30 horas de junho a agosto. Em outros períodos do ano ele deve ser agendado com antecedência e será cobrado um valor de 5 euros por pessoa.
Agora para quem quer uma visita mais personalizada o Cellier dispõe de duas opções. Trilha pelos Vinhedos: uma trilha de 16 quilômetros pelos vinhedos da região a bordo de uma bicicleta e com direito a um picnic provençal. Não se preocupe existem bikes elétricas disponíveis. Este tour deve ser agendado com antecedência. Clique no link acima para consultar preços.
A segunda opção é o Jeudis Gourmands, mais conhecido como quinta gourmet. Toda terceira quinta feira do mês você pode degustar os vinhos da casa harmonizando com um tema de culinária que variam de sushi a comida mediterrânea. Tudo por 16 euros por pessoa e que também deve ser agendado com antecedência.
Se você como nós está se iniciando no mundo dos vinhos não deixe de visitar o Cellier des Princes, pois vai aprender a amar ainda mais esta bebida. Agora se já é um especialista venha apenas comprovar que este é um dos melhores vinhos do mundo.
Onde se hospedar
Bem pertinho está o hotel Les Carmes and spa com quartos extremamente amplos você será tratado como um rei por Pascal o proprietário e o perigo é não querer sair do hotel para conhecer as belezas da Provence. super recomendado.
Mas suas preocupações não devem ser apenas com os vinhos do Cellier des Princes. Saúde é um item primordial em uma viagem e que não deve ser negligenciado. Viaje tranquilo fazendo um Seguro Saúde conosco. Clique em Seguro Saúde e faça sua cotação on line.
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